A partir de novembro, Mogi das Cruzes deve ganhar a primeira edição da Feira do Produtor Rural, feita apenas com representantes da chamada agricultura familiar. O local e datas ainda estão sendo definidos, mas a ideia dos 15 participantes é oferecer ao consumidor produtos frescos, orgânicos, hidropônicos, diferenciados, diretamente de suas hortas: um prato cheio para quem aprecia alimentos naturais.
A Feira do Produtor Rural faz parte de um programa do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), em parceria com o Sindicato Rural de Mogi das Cruzes, que ofereceu aos pequenos agricultores que se interessaram um curso de capacitação para que eles possam comercializar seus produtos para os consumidores, promovendo uma relação de confiança e respeito.
De acordo com integrante da Comissão Gestora da Feira, Vanessa Caviquiali Reis, 22 anos, que é produtora rural em Jundiapeba, durante o curso os participantes construirão seus próprios estandes, em bambu, com toda a padronização visual para o evento. Também trabalharão uniformizados e receberão todas as instruções sobre gestão desse negócio. “É uma oportunidade única para nós, que vivemos da terra, mas que não podemos vender para supermercados ou redes por conta da característica de agricultura familiar. Também acreditamos que será um presente aos mogianos porque nossos produtos são muito frescos e naturais. Serão colhidos no dia da venda e quem comprá-los terá a certeza de que colocarão qualidade na mesa de sua família”, disse Vanessa.
Os produtores rurais de agricultura familiar que integram o curso e que terão estandes na feira são de várias partes da Cidade, como a Chácara dos Baianos, em Jundiapeba e Cocuera. Sem exceção, eles têm algo em comum: a preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade. A reportagem visitou algumas propriedades que farão parte do projeto e mostra, a seguir, exemplos de cidadãos que têm amor pelo trabalho, respeito por quem consome seus alimentos e que enxergam, nessa oportunidade, uma via para dizerem a população que existem.
Hidroponia foi solução para o período de seca
Natural do Paraná, João Caviquioli, 47 anos, chegou a Mogi em 1994 e se dedicou à agricultura familiar. Planta, em uma área de 15 mil m², diversos tipos de folhosas e foi com o dinheiro da venda desses produtos que criou as três filhas. Duas delas optaram por seguir os passos do pai, mas ingressaram na faculdade de Agronegócios, vislumbrando agregar valor à atividade da família.
Recentemente, João e as filhas, uma delas Vanessa Caviquioli Reis, que integra a Comissão Gestora da Feira do Produtor Rural, decidiram investir na tecnologia conhecida como hidroponia, em que os vegetais são cultivados apenas na água. Curiosamente, a razão para a mudança é justamente a estiagem.
Segundo João, com a plantação hidropônica, ele usa 1,5 mil litros durante três meses para cultivar. Convencionalmente, a irrigação necessita de mil litros de água por dia. “Começou a crise hídrica e a pressão sobre todos os cidadãos para que façam a sua parte. Eu resolvi investir na hidroponia. Montei minha primeira estufa e nessa semana plantamos as mudas de rúcula. Além de economizar água e, mais do que isso, reutilizá-la, preservando os nutrientes, o sabor do alimento muda e muito mais saudável porque não usamos agrotóxicos”, explicou o produtor.
Vanessa, por sua vez, vai levar ao consumidor, na feira de novembro, os frutos da produção da família.
Mogianos dão preferência aos orgânicos
O produto orgânico é cultivado sem o uso de adubos químicos ou agrotóxicos. É um produto limpo, saudável, que provém de um sistema de cultivo que observa as leis da natureza e todo o manejo agrícola está baseado no respeito ao meio ambiente e na preservação dos recursos naturais.
É exatamente assim que trabalha o agricultor Ivo Bernardo da Silva, 61 anos e sua companheira Luzia dos Anjos, 59. Ele produz em uma área de 6 mil m², em Jundiapeba, e logo nas primeiras horas da manhã já está de pé para cuidar das mudas e da horta variada. Além de diversos temperos, com aromas irresistíveis, Silva planta alface, espinafre, cenouras, couve, beterraba, tudo orgânico. É ele quem faz, inclusive, o próprio adubo com restos das folhosas e leguminosas para a compostagem e húmus de minhoca.
“Eu nasci e fui criado na roça e há 12 anos me dedico exclusivamente aos orgânicos, após descobrir que tinha alergia a conservantes. Pensei comigo: ‘não posso comer o que eu planto?’ Então resolvi mudar. Hoje, tudo o que eu produzo, eu vendo; e não dou conta dos pedidos. Os orgânicos estão em alta, mesmo porque a qualidade desses alimentos é espetacular, é diferenciada. É claro que, com a feira que vamos fazer, tenho o objetivo do lucro mas, acredite, mais do que isso, quero mesmo é que os mogianos conheçam nossos produtos e comecem a dar mais valor a eles. Quero dizer: ‘Oi, estamos aqui, existimos na sua Cidade’”, explica Silva.
Além do cuidado com o alimento orgânico, em si, o produtor mantém um sistema de reutilização de água de chuva, responsável por 40% da irrigação da plantação.
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